Autoria: Joan Martinez Alier* (Autor Principal), Joshua Farley (Editor de Assunto), 2009. «Herman Daly Festschrift: Socially Sustainable Economic Degrowth», in Encyclopedia of Earth. Eds. Cutler J. Cleveland (Washington, D. C. : Environmental Information Coalition, National Council for Science and the Environment, 2009.
Traduzido por José Carlos Marques, a partir do original disponível em:
http://www.eoearth.org/article/Herman_Daly_Festschrift:_Socially_Sustainable_Economic_Degrowth
* Professor de Economia e História Económica na Universitat Autònoma de Barcelona. É autor de várias publicações tais como «Ecological Economics: Energy, Environment and Society» (1987) e «The Environmentalism of the Poor: A Study of Ecological Conflicts and Valuation» (2002). Foi presidente da International Society for Ecological Economics.
A crise económica de 2008-2009 oferece a oportunidade de colocar a economia dos países ricos numa diferente trajetória, no que concerne os fluxos de energia e de materiais.
Antes de 2008, as emissões mundiais de dióxido de carbono cresciam 3 por cento ao ano, e prevê-se que atingiríamos 450 ppm (partes por milhão) em 30 anos. As emissões de dióxido de carbono atingiram um «pico» em 2007. Chegou a hora de uma transição socioeconómica permanente que baixe os níveis de uso de energia e de materiais, incluindo o decréscimo de AHPPL (AHPPL: apropriação humana de produção primária líquida). A crise pode abrir também a oportunidade de uma reestruturação das instituições sociais. O objetivo nos países ricos deveria ser o de viver bem sem o imperativo de crescimento económico.
Além disso, estaremos a caminho de uma redução da população mundial quando esta chegar ao pico dos 8 mil (ou 8,5 mil) milhões, reduzindo assim a pressão sobre os recursos e vazadouros (sinks) na segunda metade do século XXI.
O apoio explícito de Georgescu-Roegen, em 1979, ao conceito de decrescimento (Grinevald and Rens, 1979), as perspetivas de Herman Daly sobre o estado estacionário (steady-state) desde o início dos anos 1970, o êxito de Serge Latouche em França e na Itália, na última década, ao insistir no decrescimento económico (Latouche, 2007), prepararam o terreno. Chegou o momento, nos países ricos, de um decrescimento económico socialmente sustentável reforçado por uma aliança com o «ambientalismo dos pobres» no hemisfério sul.
Anexo: MartinezAlier_Decrescimento.pdf